
Por Fau Barbosa
Cerca de 100 pessoas, entre entidades ambientalistas, moradores e imprensa se reuniram no CEMUCAM na manhã desse domingo(14), para discutir a doação da área para a Prefeitura de Cotia.
Administrado pela Prefeitura de SP, o Centro Municipal de Campismo (CEMUCAM) é o único parque municipal localizado fora do município de São Paulo, situado no município de Cotia.

O ENCONTRO
O grupo se reuniu em frente à Administração do Parque onde realizou uma celebração em roda, e de mãos dadas, dançaram. Ao centro da roda, no chão, uma guirlanda feita de folhas secas de pinheiro e ervas, simbolizando os “habitantes” do “CEMUCAM”.

Em seguida, representantes da comissão organizadora do evento explicaram as razões pelas quais o “CEMUCAM e o Viveiro estão sob a responsabilidade de SP, citando os motivos pelos quais a área não deve ser doada à Prefeitura de Cotia.

A grande preocupação dos moradores e ambientalistas é que a administração de Cotia não tenha capacidade de gestão da área, muito menos capacidade financeira e quadro técnico competente para assumir uma área total de 1.165.000m² de áreas verdes com remanescentes naturais, que abrigam inclusive o Viveiro Harry Blossfeld, considerado o maior viveiro do Brasil dedicado à conservação da vegetação natural.
Além de ser o único viveiro municipal que produz árvores (área de 665.000m² com produção anual de 90 mil mudas e 150 Kg de sementes), sua estrutura, estoque e acervo biológico são reconhecidos nacional e internacionalmente.

Um vereador de São Paulo, contrário à transferência da administração, esteve presente e esclareceu que vários ofícios já foram encaminhados ao Prefeito de São Paulo nesse sentido, além de protocolos entregues na Promotoria do Meio Ambiente do Ministério Público do Estado de SP.


Os principais pontos levantados para a não cessão da área à Prefeitura de Cotia, são a grande vegetação (mata atlântica) e o corredor ecológico formado e de suma importância para a preservação da diversificada fauna silvestre que se alimenta das sementes, frutas silvestres, folhas e raízes locais.
O CEMUCAM tem uma vocação para a cultura e eventos sociais, mas para que o enfoque ambiental de preservação dos recursos naturais seja prioridade, ele deve ser transformado em unidade de conservação (Parque Municipal), além de ter readequado o uso de seus espaços e equipamentos.
ÁREA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Segundo consta, a cessão da área vem sendo cogitada desde 2001. Em 2008, foi instituída a Lei Complementar 95/2008, dentro do Plano de Zoneamento e Uso de Ocupação do Solo, onde o ex-prefeito Quinzinho Pedroso transformou o CEMUCAM em área de preservação ambiental. Isso se deu depois que prefeita de SP, Marta Suplicy, buscando gerar novas fontes de receita para SP, sugeriu vender a área colocando o CEMUCAM em risco de especulação imobiliária.

"Art. 14 – A Zona de Preservação Ambiental – ZPA apresenta expressivo agrupamento de espécies vegetais, onde as atividades devem ser limitadas, visando à preservação ambiental, bem como a garantia da qualidade das águas que abastecem a área urbana. A ela equivale o nível de proteção máximo estabelecido na Lei Federal nº 9.985/00 que instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Devem ser igualmente observadas as restrições previstas no Código Florestal Brasileiro – Lei Federal nº 4.771/65.
§ 1º – São elementos integrantes desta zona:
- Reserva Florestal do Morro Grande; - Parque das Nascentes; - Parque TIZO - CEMUCAM"
Há entre os moradores e frequentadores, o receio de que, transferido para Cotia, o parque tenha a lei modificada, dando lugar a mais uma área de especulação imobiliária.

OPINIÕES DIVERSAS
"Hoje, a cidade de Cotia com o atual quadro de técnicos do verde e com os recursos financeiros dotados à essa área não consegue sequer realizar a manutenção, revitalização e melhorias nas precárias praças e parques lineares de Cotia, imagine administrar o CEMUCAM"!
"Eu sou a Favor que a Prefeitura de Cotia realize uma REUNIÃO PÚBLICA para demonstrar como pretende administrar o CEMUCAM, se não conseguiu administrar a Praça Japonesa, o Parque Linear do Rio Cotia (Bairro do Portão) e tantos outros locais que estão sob a sua responsabilidade".
"Está na hora de Cotia se apossar do que é seu. Chega de SP cuidar do que é nosso".
"Cotia têm que tomar posse do que está contido em sua área territorial. Tomar posse e administrar com responsabilidade, mas, para tanto, a Prefeitura de Cotia deverá demonstrar publicamente".
"As perguntas que ficam: Cotia tem capacidade administrativa e financeira para manter o parque? Existem profissionais capacitados - com formação e experiência na área ambiental - no quadro de funcionários? Existe dinheiro previsto para a manutenção do que já está implantado e funcionando?"
Após as discussões, o grupo se reuniu para um pic-nic e em seguida, à convite do administrador do parque, Sr. Wagner, os presentes foram conhecer as instalações.





Rotary´s da Granja Viana estiveram presentes no evento
Entre os problemas levantados no parque, estão os dois pavilhões, antigamente usados para festas e confraternizações e eventos hoje necessitam de reparos no sistema hidráulico e elétrico, além de pintura e reforma para resolver o problema de infiltrações.
Segundo o novo secretário de Meio Ambiente de Cotia, Marcio Camargo, disse recentemente em entrevista exclusiva ao Portal Viva, "O Cemucam hoje não está tão bem cuidado, tem muitas instalações inadequadas", (leia a entrevista aqui).
A declaração gerou polêmica entre as pessoas que frequentam o parque e dizem que o local está muito bom. "Frequento o parque todos os finais de semana, Criticar é fácil. Em uma corrida de 30 minutos, eu passo por pelo menos cinco seguranças diferentes. A grama está sempre cortada. A portaria sempre vigiada. Os lixos sempre vazios e com sacos novos. O banheiro sempre muito limpo, cheiroso e com papel higiênico! Em qual parque temos isso?".
